Você já parou para pensar sobre como a criança se apropria da leitura e escrita? Será que esse processo acontece de uma hora para a outra? O que é necessário para a criança desenvolver estas habilidades?

Segundo Délia Lerner (2002) a leitura e escrita são aliadas à prática social e a escola tem papel fundamental neste processo proporcionando desde cedo experiências de leitura e escrita. É nesse contexto social, que as crianças devem entrar em contato com os mais variados gêneros textuais, proporcionando momentos de descoberta e ressignificação da real função de cada um deles.

Para que o processo de leitura e escrita aconteça de forma prazerosa, a criança deve experimentar diferentes experiências de aprendizagem a partir do contato com diversos textos, sendo estimuladas e incentivadas a escrever “sem medo, do seu jeito” para que se sintam confortáveis ao construir hipóteses sobre o sistema de escrita. Precisam ter brincado e colocado em prática o real sentido daquilo que escrevemos, através, por exemplo do brincar de escolinha, de restaurante, de mercado, inserindo nestas ações um texto escrito, como uma receita de bolo ou a letra de uma música.

Sobre como esse processo de aquisição acontece, destacamos Emília Ferrero (1996) que divide em etapas a construção do conhecimento da leitura e escrita, de maneira individual, mostrando-nos que a criança tem uma participação ativa na própria aprendizagem, relacionando os seus saberes anteriores à escola, fazendo relações com aquilo que está aprendendo, apresentando avanços e até mesmo recuos que a façam entender e dominar os códigos da escrita.

A autora acima citada destaca que a construção do conhecimento da escrita passa por fases ou hipóteses conforme descritas abaixo:

Fase 1 – Escrita Pré-silábica: Nesta fase o aluno ainda nem desconfia que as letras possam ter relação com os sons da fala, escreve com os símbolos, mas não os relaciona com língua oral. Acha que coisas grandes precisam ter muitas letras e coisas pequenas poucas letras (Ex: AWAIIRIAWG – elefante / ARIA – formiga).

Fase 2 – Escrita Silábica: Nesta fase já sabe que usamos letras para escrever e neste momento acredita que para cada sílaba há uma letrinha (Ex: PD – pedra / OT – bota).

Fase 3 – Silábico com valor sonoro: Continua acreditando que para cada sílaba existe uma letra, mas geralmente ela relaciona o som da letra com uma vogal ou consoante (Ex: CDNO – caderno / LPI – lápis).

Fase 4 – Silábico Alfabético: Já percebe que para cada sílaba precisamos usar duas letras (Ex: MOCEGO – MORCEGO).

Fase 5 – Alfabético: O Aluno compreendeu como se escreve usando as letras do alfabeto. Descobriu que cada letra representa um som da fala e que é preciso juntá-las de um jeito que formem sílabas de palavras de nossa língua. Ainda apresenta questões ortográficas, que só serão sanadas ao longo da escolaridade (Ex: ASADA – assada).

Os pais são grandes incentivadores dos filhos no desenvolvimento da aprendizagem, porém, por mais que estejam ansiosos e tenham tendência em acelerar este processo é preciso, na medida do possível controlar a ansiedade e respeitar o tempo de aprendizagem que é diferente em cada criança, neste momento também não é legal que sejam feitas comparações entre o desenvolvimento do seu filho e outros colegas da sala, pois cada um tem o seu processo de maturação e precisa ser respeitado.

Não podemos dizer que há um momento certo para que a criança leia e escreva, isso acontece naturalmente através dos estímulos que recebe. Já sabemos que as crianças precisam ser estimuladas para que se desenvolvam e este envolvimento deve partir não apenas da escola enquanto instituição de ensino. É importante que os pais vibrem com os seus filhos a cada pequeno progresso na escrita, promovam momentos de leitura em família, disponibilizem livros infantis próprios para a faixa etária, brinquem de faz de conta, façam com que a criança se interesse por ouvir história, conversem com ela para que possa desenvolver o seu vocabulário e se precisarem de ajuda para esclarecer as suas dúvidas, procurem a orientação pedagógica.

A parceria entre escola e família precisa estar sempre presente!

Elaine Guedes

Coordenadora Pedagógica